Quinta-feira, 24 de Abril de 2008

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O ESTAFETA

publicado por promover e dignificar às 13:38

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O SONHO DA INDIA

 

.Manuel - Deixaremos à Hespanha...
D.Luiz da Silva - Toda a liberdade de acção; as vantagens que houver e as desfeitas. A posse do commercio do Oriente fará nossos inimigos todos os principes mussulmanos e todas as republicas da Italia.
D.Manuel - São, acaso, nossos amigos?
D. Luiz da Silva - Mas não nos guerreiam ostensivamente. Se os formos incommodar nos seus negocios, tocar nos seus interesses, não nos faltará a guerra no mar como a temos em terras de Africa todos os dias. Somos pequenos de mais para tantas luctas. Onde temos homens, onde recursos para este sumir de vidas e fazendas? Temos a Africa inteira para conquistar: o mouro ao pé da porta. Para que buscar, tão longe, damnos e perigos só pelo prazer da aventura? Fascina-nos a riqueza, o oiro: pois olhae que não vamos perder-nos na miragem!
D.Manuel - Desculpam-vos a idade os sonhados terrores. Não serão da vossa opinião os capitães que vos ouvem.
João Infante - Não meu Senhor. Que considerações valem a perda de trabalhos há quasi um seculo? Agora que o grande Bartholomeu Dias dobrou o Cabo, que a rota de Calicut está traçada no mappa, agora parar? Porque vamos crear inimigos? Os nossos marinheiros não desdizem dos nossos soldados da Africa. Porque iremos enriquecer? Ainda bem porque bem o precisâmos. A Hespanha ao nosso lado e quereis ficar parados? Se não caminharmos a seu par, não vêdes o perigo de sermos absorvidos? Parar! Seria uma loucura, seria um crime!
Bartholomeu Dias - Daes licença, Senhor?
D. Manuel - Fallae, Bartholomeu dIas.
Bartholomeu Dias - Dividamos as nossas actividades. Que os fildagos conquistem a Africa, e deixem-nos a nós o mar e as suas costas. Trabalhe cada qual como puder na grandeza da nossa terra. Que mais conseguir maior louvor merece! Veremos a quem cabe a glória.
1º Fidalgo - É esse orgulho que é preciso para não sacrificar rendas e vidas!
Bartholomeu Dias - Nem ao despeito os sacrificios passados! Abençoado com orgulho onde não há vaidades nem se pedem premios, mas trabalhos. É que seja premiado quem trabalha é justo: o premio do ocioso é uma iniquidade.
2º Fidalgo - Ninguém quer senão o que lhe pertença por seus velhos direitos e regalias.
Bartholomeu Dias - Preza a Deus que assim seja, sempre; que se o não for, não serei eu que haja de dar contas pela justiça ou injustiça d`este reino.
D. Manuel - Isso é commigo, Bartholomeu Dias. E por querer ser justo que me quero fundar em vossa prudencia e razão. Na de vós todos.
Bartholomeu Dias - Por isso assim vos fallo Senhor. Não há que pensar sequer, se deve ou não tentar-se a viagem: é mandal-a!
D. Luiz da Silva - A prudencia chama-se, muita vez, receio.
Bartholomeu Dias - Não será; mas é preciso temperal-a, porque póde parecer inveja, ou cobardia.
D. Jayme - Fallaes como despeitado ou como irreflectido.
Bartholomeu Dias - Fallo como homem a quem El-Rei D. João, que Deus tem, chamava seu amigo. Sou portuguez....
Vozes - E, nós outros?
Bartholomeu Dias - Quem duvida que o sejaes? Por ventura vos neguei o titulo? Porque vos comprazeis a contrariar-nos as glorias, se vós recebeis as vantagens? O que justifica que alguem pense em deixar apodrecer, no Tejo, navios apparelhados para irem a Calicut? Para que se fizeram de pregaria dobrada, da melhor madeira, para que se encheram de artilheria e machinas de guerra? Dir-se-ha que collocaes o vosso orgulho acima do bem da patria! Tendes ciumes de nós.
Vozes - Ciumes de vós?
Bartholomeu Dias - Pois tendes, e perdoae que vol-o diga. Somos os marinheiros de El-Rei D. João, esses de quem por chasco dizeis que era o rei, quando nobilitava os Fernandes e os Gomes que lhes davam reinos!
1º Fidalgo - Quem o dizia?
Bartholomeu Dias - Todos. Nós somos mais generosos que vós. Que El-Rei mande, e cedemo-vos os nossos logares.
D. Jayme - Compreende-se que estaes costumado a fallar em senhor, na vossa nau.
Bartholomeu Dias - Perdão, sr. Duque. Isto é um tribunal de que El-Rei é juiz: defendo-me.
D. Manuel - Não precisaes; que sois um bravo e leal marinheiro: mas exageraes o vosso melindre e excedei-vos!
Bartholomeu Dias - Pois perdoae, meu Senhor, se me excedi; defeito de quem não sabe luctar, em segredo.
D. Manuel - Assentemos porém. Sois pois de opinião que se parta?
Bartholomeu Dias - Immediatamente.
D. Manuel - Diogo Cão, João Infante, Diogo de Azambuja...
Vozes - Todos vós, Senhor.
D. Manuel - E as vossas opiniões tem grande peso, porque sois homens do mar e conheceis o assumpto. (Aos fidalgos) Vós approvaes tambem, senhores?
Vozes - Sim, meu Senhor.
D. Manuel - Daes força á minha vontade e intenção. A armada está prompta e partirá...em dias. São tres as naus. Escolhi para capitão mór a Vasco da Gama, e sob as suas ordens Paulo da Gama e Nicolau Coelho...
Vasco da Gama - Meu Senhor, renovo o pedido de que deis a meu irmão o commando...
D. Manuel - sois o escolhido. Providenciae com a maior urgencia no provimento das naus.
Vasco da Gama - Cumprirei as vossas ordens, Senhor. (O rei levanta-se e sae. Os fidalgos cercam Vasco da Gama).
1º Fidalgo - Parabens, capitão mór.
Vasco da gama - Obrigado.
2º Fidalgo - Vois sois dos nossos, não nos deixeis ficar mal.
D. Luiz da Silva - É preciso dar uma lição a esses marinheiros.
1º Fidalgo - Porque a merecem.
Vasco da Gama - Respeito-os muito; mas se me virdes voltar acreditae que lh`a dei. Sob a minha palavra vos asseguro que ou volto - da India - ou não volto! (Vão a sair)

O Panno desce
Quadro Quinto
A praia do Restello. Vêem-se ao fundo naus e barcos. Na praia, grupos de mulheres sentadas, olham e choram. Ouvem-se vozes no mar, chamando. Movimentos de embarque. Passam marinheiros, homens carregados, etc.
Tia Anna - Adeus, João; adeus, filho!
João da Ameixoeira - Adeus, mãe! Não chores! Deus ha-de ir commigo.
Tia Anna - Já te não vejo mais!
João da Ameixoeira - Pede á Senhora da Nazareth, que ela ha de fazer que eu volte...  e rico.
Tia Anna - Rico!
João da Ameixoeira - Rico, sim; para a nossa pobreza. Não ficas tu já rica?Os cem cruzados, que El- Rei nos deu chegam-te bem para viveres, socegada, na nossa choupana, enquanto eu por lá andar. Com o juntar da viagem á volta, arranjaremos um barco...e nunca mais precisarei de embarcar...senão lá na nossa costa...pois essa conheço eu como a palma de mão, louvado Deus.
Tia Anna - Se as minhas orações te podem valer, não terás damno.
João da Ameixoeira - Pois hão de valer; não chores mais...e adeus!
Tia Anna - Não percas, nem tires nunca do pescoço o santo lenho. Levou-o teu pae à Guiné, com elle voltou, e elle fará que voltes.
João da Ameixoeira levando a mão ao peito - Está aqui, e ha de fazer o milagre.
Vozes - Ao mar! Vá, embarcar!
Tia Anna - Adeus, filho. (Abraçam-se. Anna chora alto. João sae).
Tia Brites - Ai! Tia Anna, lá se vae  seu filho?
Tia Anna - Que Nosso Senhor vá com elle. O que se lhe ha de fazer?
Tia Brites - É verdade. Quem é pobre!...Lá se vae meu marido, tambem!
Tia Anna - Ainda se o Senhor quizer que voltem bons! (No meio de uma força de archeiros ou de alabardeiros, quatro homens algemados, seguidos de mulheres chorando e do rapazio, apparecem).
Vozes - Os condemnados!
Tia Brites - Olhae, olhae, que desgraçadinhos!
Um Capitão de Archeiros - Alto. (A um archeiro). Ide ver se o barco ahi está, e se não chamae-o.
Tia Anna - Quem são?
Tia Brites - Os condemnados á morte.
Tia Anna - O que vão fazer?
Tia Brites - Manda-os El-Rei, nas naus, para serem deixados por essas terras fora!
Tia Anna - Credo. (Persignando-se). Que sina!
1º Garoto, a um preso - Eh! Thomé da Povoa, vê se por lá topas igrejas que roubar e te mandam para cá. (Risos)
2º Garoto - Aquelle não é o Manuel de Alfama?
1º Garoto - O que matou o clerigo?
2º Garoto - É elle, é.
1º Garoto - Que bela sociedade que vae para a India!
2º Garoto - Mandem novas, hein?
Um capitão de Archeiros - Arreda, ao largo.
O Archeiro chegando - Está a atracar o barco.
Um capitão de Archeiros - Sentido. Marcha. (A força põe-se em marcha; as mulheres despedem-se com gritos).
Tia Brites - Olha, tia Anna...os nossos a acenar! Vamos ali, vamos ali. (Saem acenando os lenços. Entra Pero de Alemquer com marujos)
Pero Alemquer - É aviar, rapazes; o oficio acabou, El-Rei não tarda ahi mais os capitães.
Mestre Diogo - Eh! Pero de Alemquer, acertarás com a India d`esta vez?
Pero de Alemquer - Espero em Deus.
Mestre Diogo - Que elle te leve e que voltes, rico!
Pero de Alemquer - E se não voltar? O caso é achal-a. Não se dirá que os marinheiros de Castella valem mais do que nós, nem que os pilotos do excommungado genovez têem mais lume no olho. Para as naus, gentes, para as naus! Os abraços para a volta! (Desfazem-se grupos: há abraços e lagrimas; marujos com troxas saem )É como vos dizia, mestre Diogo, o que é preciso é achal-a, custe o que custar. Lá pelo capitão mór já eu vou. Nestes tres dias de apparelhar tem mostrado que é homem para o trabalho.
Mestre Diogo - Melhor que Bartholomeu Dias?
Pero de Alemquer - Em saber? Não. Que n´isso e em coragem nehum o iguala,. Mas bom de coração...de mais. Este é homem de vontade e mando. Que El-Rei D. João, que Deus tenha, já se tinha lembrao d`elle,e homem que aquelle dedo apontasse...era um homem.
Mestre Diogo - Que assim seja.
Pero de Alemquer - Pois até à volta, mestre Diogo, e oxalá que as vossas pipas não nos larguem o vinho, d `esta vez como na passada.
Mestre Diogo - Será difficil; que vão abraçadas com duas ordens de arcos de bom ferro. Bem acauteladas...que tudo assim vae nas naus.
 Pero de Alemquer - Como nunca! E olhae que naus! Que galhardas, hein? Da melhor madeira que tinhamos. Levam pregaria dobrada e tudo o mais à proporção... (Passa Pero Dias) Sr. Pero Dias, daes-me um logar no vosso barco?
Pero Dias - Olá, Pero, às ordens; mas depressa que o barco tem de voltar pelo Bartholomeu.
Mestre Diogo - O capitão Bartholomeu tambem vae?
Pero de Alemquer - Vae, na Berrio; mas vae á costa da Mina, ao resgate do oiro. Até à volta.
Mestre Diogo - Adeus, Pero; boa viagem.
Pero Alemquer - Sr. Pero Dias...
Pero Dias para o mar - Eh! João do Cartaxo, atraca.
Pero de Alemquer - Olhae, que não acabam as despedidas. ..Chegam os capitães e tudo em terra! Vá aviar. (Movimentos de partida. Saem os dois)
(Chegam Fernão Velloso e Leonardo Ribeiro)
Fernão Velloso - Esperâmos pelo Rei, Leonardo?
Leonardo Ribeiro - Como quizeres, amigo Velloso. (A um creado que traz uma trouxa e uma guitarra).Pousa ahi, isso, um instante.
Fernão Velloso - Agora reparo; levas a guitarra?
Leonardo Ribeiro - Poderá!
Fernão Velloso - Vaes dar serenatas, na India?
Leonardo Ribeiro - Se for preciso.
Fernão Velloso - E se lá não se usar?
Leonardo Ribeiro - Metto eu o uso.
Fernando Velloso - Acho melhor ir preparado para dar cutiladas!

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EDITORIAL

JUSTIÇA  PROMOCIONAL DO HOMEM - PRECISA-SE

 se não for acompanhado da justiça do dever, da mesma forma que a razão não tem razão de se impor, se não permitir a sua contestação.

É nesta ordem de pensamento o que se espera da justiça: que os direitos se afirmem e a razão seja menos contestada.

Os pilares da evolução e da civilização do homem têm sido construídos por duas forças completamente opostas: a construtiva e a destrutiva. Só na medida em que a construtiva conseguir ser mais forte que a destrutiva, poderá trabalhar eficazmente na construção desses pilares. E quando as forças construtivas assumirem em pleno o seu reino, o nosso grau de civilização será apoteótico.
Os criminosos constituem tremendo problema para os que praticam o bem e a legalidade, ao terem de combater os males e os defeitos. Têm de suportar os encargos das prisões, corpos de polícia e de todos os que trabalham na justiça. Neste nosso tempo debatemo-nos com tremendas complexidades e, para atingirmos a solidificação dos direitos e para que a justiça seja ela mesma, temos de reformar estruturas e vícios, cuja tarefa será bem árdua. Enquanto nos basearmos apenas na experiência do passado e não privilegiarmos o futuro, continuaremos envolvidos no inevitável atraso e com a justiça envolvida em pérfidas injustiças. Perante os aspectos dúbios decorrentes dos sistemas judiciais que não visam minimamente a promoção e a dignificação do homem, a justiça só poderia ser eficaz se fosse praticada por seres superiores ao próprio homem. Mas não temos alternativa, vamos ter de ser nós mesmos a transportar este fardo mal embalado, Ainda que não tenhamos dúvidas de sermos inteligentes e de sermos capazes de corrigir o mal, porque se quisermos podemos, ainda que na imperfeição, fazer tudo bem ou quase...
 
Inoperante para se disciplinar devidamente, o homem, dependendo do próprio homem, aceita a sentença dos magistrados e reconhece nas decisões dos tribinais  o sentido da justiça, mesmo que esta mande assassinar pessoas e cometa crimes vários em face das leis. Isto contrasta com os focos de inoperância em resultado dos critérios e conceitos legislativos, em que se baralham o rigor com a ineficácia, facto que apresentaria imagem mais positiva se a preocupação perante os deveres se superiorizasse à reivindicação de direitos.

     Os factores negativos da justiça estão interligados no conceito de normalidade dentro do nosso estatuto social. O círculo vicioso acentua-se com a virtual necessidade de ter de haver criminosos na base da sobrevivência de magistrados e advogados. De tal forma que se os crimes acabassem surgiriam de imediato grandes preocupações pela falta do trabalho jurídico.

     Não me estou a baser de algum modo no que se passa apenas em Portugal, mas sim a nível mundial, havendo países, uns mais evoluídos outros menos, onde a justiça é mais injusta em relação ao nosso país. Porque o homem erra, também na elaboração das leis, não preservando minimamente a Promoção e Dignificação do Homem. Existem dois tipos de lei na gestão da justiça, e ainda bem: as leis do estado e as defendidas pela mediática acção das televisões e de toda a comunicação social, com imagens de contrapoder. Este contrapoder é benéfico, se conseguir desarraigar os atentados à Promoção e Dignificação do Homem.
     Vemos as prisões cheias com indivíduos que, se já eram nefastos à sociedade, passaram a constituir forte encargo para a própria sociedade. Não obstante, continua-se a privilegiar a repressão em detrimento da formção e das formas de educar. Na actualidade a justiça tem de, inquestionavelmente, punir os crimes, muitos deles com uma desmesurada carga impiedosa e horrenda, mas a prevenção nunca deve ser descurada. A investigação às situações suspeitas, sejam referentes ao tráfico de drogas, crimes económicos, pedófilos  ou de outras ordens, deve ser célere. Quando a investigação é morosa está a permitir aos criminosos o avolumar das acções criminosas, e também surpreende negativamente quando determinado cidadão andou dois anos a ser investigado secretamente, quando no fim lhe é dito que não existe nada em seu desabono.

      Com as acções de prevenção atentas e com o trabalho de sensibilização na formação moral e cívica, a ocorrência de crimes e os processos em tribunal podem diminuir significativamente e as prisões serão gradualmente esvaziadas. Aos presos deve proporcionar-lhes trabalho ao ar livre, em benefício deles e da sociedade. Aos mais perigosos devem ser proporcionadas tarefas dentro das prisões, mediante a implementação de escolas, oficinas, cursos profissionais e mostrar-lhes que pertencem à superior espécie e as vantagens de praticarem o bem em detrimento do mal. Um criminoso que passa vários anos enjaulado pode sair do castigo já cumprido com um curso superior, com a profissão de mecânico, de carpinteiro, de hotelaria, de contabilidade, entre outras. E não serem despejados sem perspectiva de emprego e de reinserção. Por outro lado, A justiça e o Estado devem acompanhá-los, já em liberdade, com meios que lhes garantam a sobrevivência durante a fase de reinserção. Poderá dizer-se que o dinheiro não chega para tudo, mas os custos aumentam com a captura do presidiário quando  vém para a rua e comete novos crimes, como meio único de sobrevivência. Por outro lado, a diminuição do trabalho juríco e de presos liberta meios que se traduzem em valores económicos.

    Entre os motivos criminais, existem os que são praticados como único meio de sobrevivência, quando se vive na marginalização. Os informadores pagos, ao colaborarem com a justiça, mostram -nos que podem deixar de ser criminosos se lhes forem proporcionados meios de sobrevivência. O Estado deve proporcionar emprego e actividade digna a todos os presos que forem libertados.
     A justiça é também irracional para com o cidadão a quem foram penhorados todos os bens, despejado da própria habitação e com as contas bancárias bloqueadas. De que vai viver? Imagine-se o desespero...

     A pensar na Promoção e Dignificação do Homem, os profissionais das polícias e dos tribunais devem abraçar outras funções em causas nobres, em vez de se limitarem a prender e a condenar. E fazerem tudo para induzirem os contendores ao entendimente e, porque não, substituirem a inemizade pela amizade?...

     Entre os deveres do indivíduo, sobressai a reponsabilidade moral e cívica. Mas nem os chefes da justiça podem estar seguros da sua integridade para com as funções morais e cívicas, principalmente quando assumem nítido desprezo para com a noção de responsabilidade perante a vida activa da sociedade.
 
Uma palavra para a juventude. É-lhe concedido algum direito pelas ideias que revela sobre o futuro, mas mantém-se marginalizada e sem a capacidade de materializar o seu pensamento criador, como se fosse o passado e os mais velhos os donos do futuro. O humanismo caduco choca muitas vezes com o tecnicismo demente pela utopia, enquanto os instrumentos jurídicos permanecem corruídos  e enferrujados, sem qualquer abertura ao desejado aperfeiçoamento  das estruturas.
 
É a todos, aos que já deixaram a juventude e aos donos do futuro - exactamente aos mais jovens - que compete colocarem a justiça no patamar da elevação do homem e aderirem à filosofia da APPDH: A Promoção e Dignificação do Homem.

      O Director

    

 

Viver a Diferença

Ana Cabrita - Psicóloga Clínica

 

Todos diferentes....Todos iguais....

Até que ponto a nossa orientação sexual influencia a visão e a aceitação por parte dos outros?
O termo homossexual foi criado em 1869 pelo escritor e jornalista austro-húngaro Karl-Maria Kertbeny. Deriva do gr. homos, que significa "semelhante", "igual".
Até ao séc.XX a homossexualidade era vista como um desvio sexual e uma doença mental. A partir de 1973, a homossexualidade deixou de ser classificada como tal pela Associação Americana de Psiquiatria e, na mesma época, foi retirada do Código Internacional de Doenças (sigla CID). A Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (sigla OMS), no dia 17 de Maio de 1990, retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade. No entanto, ainda hoje tal é discutido e questionado por variadissimas pessoas e mesmo profissionais.
Existem estudos que apontam os factores genéticos como determinantes para a homossexualidade, englobam-se nestes estudos gémeos univitelinos (com DNA idênticos) mostrando que há em 50% dos casos correspondência na sua sexualidade. Por meio da psicanálise surge a teoria que a influência do meio e da figura dominadora do genitor do sexo oposto refletem a expressão da homossexualidade. Mas a maior parte dos investigadores unem-se na afirmação que o comportamento homossexual é uma característica que se manifesta na espécie humana e que a sua origem é algo complexo não se podendo limitar a uma simples explicação. A nível psicológico o que é verdade para alguns não o é para outros!
Até no meio animal existem comportamentos homossexuais, apesar de não existir estudos cientificos conclusivos sobre a causa ou origem das diferentes práticas sexuais nos animais. A verdade é que o ser humano tem sentimentos e razão, não reduzindo a sua vida sexual apenas à procriação. Acaba por ser limitativo afirmar que a sua vida sexual se resume a uma escolha! A escolha implica opção e será que os sentimentos são sujeitos a opções? Será que o reprimir dos nossos sentimentos e gostos nos trás felicidade e realização? Afinal o que é correcto e aceite por uns nunca o é para outros!

Há quem fale da natureza humana e do que é anti-natura, mas será que quando o que é natural provoca sofrimento humano deverá ser aceite e estimulado? Muita coisa foi alterada na sociedade em prol de maior qualidade de vida/felicidade pensando no bem estar do ser humano alterando por vezes a própria natureza.
Até que ponto será correcto julgarmos o ser humano pela sua forma de vida quando esta não prejudica em nada o nosso universo pessoal? Não podemos negar a realidade homossexual e também não é pedido a ninguém que o seja, apenas é uma obrigação do Homem (que vive em sociedade) respeitar e não descriminar!
Há o mito que a homossexualidade engloba promiscuidade, no entanto a maior parte de comportamentos promiscuos são praticados por heterossexuais e esses são na maior parte das vezes abafados ou escondidos! Qualquer acto promiscuo e que provoque dor ( física ou  psicológica) num outro Ser deve ser condenado independentemente de quem o pratica. Não vamos fazer estigmas e atirar pedras a todos aqueles com os quais não nos identificamos! Viver em sociedade não é fácil exactamente devido a todas as nossas diferenças o que nos provoca inquietação. O Homem encontrou na Razão as "asas" que o podem levar à liberdade, contudo mesmo que a Razão e a Liberdade sejam os factores que constituem a busca humana pela vida, não passam de instrumentos na tentativa de uma compreensão ampla da vida e de si mesmo. O Homem não cessa de se interrogar sobre o sentido do mundo de acordo com os valores que constrói, mas na maior parte das vezes esses valores não são partilhados o que leva a divergências e a pequenas guerrilhas que são necessarias ultrapassar para se evoluir! Há também que aprender a respeitar a diferença e não apenas respeitar o que tomamos como o certo.

Afinal em vez de falarmos em homossexualidade podemos falar de amor entre o mesmo sexo e "Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão meio mortos."-- Bertrand Russell
Vamos respeitar o amor do próximo seja ele como for, não vamos julgar sentimentos, quanto mais atacarmos, mais os vamos fazer sofrer e revoltarem-se, acabando todos por perder a razão. Apenas uma coisa é importante – o respeito – entre todos. Isso sim deve ser exigido e respeitado seja qual for a orientação sexual, cor de pele ou religião!
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

                                                               Carlos Drummond de Andrade

 

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     SUPLEMENTOS ALIMENTARES
       E OS PRODUTOS NATURAIS
 

 

Os produtos naturais, considerados pela grande parte dos consumidores  produtos da medicina natural,  são obrigatoriamente rotulados com a denominação de suplementos alimentares, o que é erróneo. O consumidor  não pode aceitar que os comprimidos preparados com Erva - de - São Robero, Cavalinha ou um extracto de freixo, seja um suplemento alimentar e como tal alimente. Da mesma forma que um cchá preparado com Melissa seja suplemento que alimente, principalmente quando o consumidor não usa adoçantes, como o açúcar.
     Os critérios de certas designações na rotulagem com a única finalidade de não serem confundidos com medicamentos têm de ser reavaliados, pois podem levar muitos consumidores a aceitar aquilo que não é aceitável perante produtos que contêm menções inapropriadas.
    Não se deve  encobrir o efeito de produtos da natureza, como as plantas usadas em tisanas, em comprimidos ou em extractos,  no bem-estar orgânico e da saúde, aliás catalogados os seus princípios activos por médicos da medicina convencional e alopata, que abnegamente estudaram as propriedades das plantas.
   Neste apontamento vamos enquadrar o Aloè Vera e o Limão, face às suas propriedades e ao que representam em matéria de saúde.

ALOÉ VERA
Se há plantas que exigem maior detalhe da minha parte, o cacto  Aloé Vera é uma delas. Utiliza-se o gel  contido no interior das folhas em vários preparados.
    Aos l.500 anos  A. C. já o Aloé Vera era usado para feridas, queimaduras, dermatoses, alergias, purificação do sangue, enfermidades do aparelho gastrintestinal e doenças  degenerativas, entre outras patologias.
     Existem muitas variedades de Aloés, mas nunca o verdadeiro Aloé Vera deve ser confundido com as outras. Os sábios seguidores da medicina pelas plantas concluiram que ele contém substâncias antibióticas, enzimas, aminoácidos, vitaminas e minerais, entre outros componentes de relevo. Tem sido colocada em destaque  a sua capacidade de prevenir a degeneração dos tecidos e de combate aos processos de envelhecimento.
       Todavia, o Aloé também pode causar estragos quando não se respeitam as doses para uso interno e quando alguém pretende fazer com ele um xarope da mesma forma que se faz com maçãs ou laranjas. Em doses elevadas ele é tóxico, devendo haver cuidado com as preparações caseiras e com o seu uso desregrado. Existem no mercado xaropes e cápsulas feitos por laboratórios credenciados, que nos oferecem segurança.  Mas dado o enraizamento  existente ao uso directo por muitos dos seus adeptos, diremos que as doses indicadas  são: 5 a 15 gramas do gel das folhas por dose; 30 a 60 gramas como purgante e emanagogo. A tintura feita do Aloé usa-se externamente para feridas  e queimaduras, tanto no homem como nos animais domésticos.
     Também são feitos vários preparados com efeitos cosméticos: loções, cremes, gel e pomadas. Os consumidores ficam, genericamente, satisfeitos com os seus resultados. Todavia, em certas situações e em específicas sensibilidades, podem surgir alguns problemas alércos, factos todavia raros. Quando tal acontecer, basta interroper o seu uso e tudo fica normalizado. Também é usado com forte tradição como tónico e revitalizante do cabelo, quer no seu estado natural, quer pelas fórmulas industrializadas.
 O LIMÃO 
     O Limoeiro, difundido pelos árabes no Egipto e na palestina cerca do século X, é uma conquista das cruzadas. O seu fruto . o Limão, é medicinal por excelência, utilizando-se para tratar as gripes, goza de grande reputação  entre os médicos latinos, gregos e árabes, que o consideram um antídoto  contra alguns venenos de origem animal, além de um preventivo contra epidemias. O sumo contém ácido cítrico, e málico, citratos de potássio e de cálcio e cerca de 8% de glúcidos, componentes pécticos, mussilagem, sais minerais, oligoelementos e vitamina C, e ainda  heterósidos flavóicos  com acção vitamínica P
     Face às suas propriedades, o consumo regular de limão  é indicado em períodos de epidemias. Consagrado anti-séptico e um tónico geral do organismo e do aparelho digestivo, também resulta no tratamento inflamatório  da boca e da garganta
     Cosmético com tradicional reputação, amacia a pele das mãos, fortifica as unhas frágeis, tonifica as peles oleosas,  diminuindo-lhe a seborreia e disfarça as sardas.
     As principais propriedades do Limão são: antiescorbútico, ainti-hemorrágico, anti-séptico, febrifugo, refrescante e tónico. Assim, está indicado para: acne, aftas, alcoolismo, anginas, apetite, arteriosclerose, astenia, boca, cabelo, celulite, circulação, colesterol, dentes, diarreia, digestão, epidemia, escorbuto, fadiga, feridas, gretas, gripes, intoxicações, lipotemia, meteorismo, obesidade, olhos, ouvidos, parasitose, pele, picadas, reumatismo, sardas, soluços, unhas e vómitos.
     Face às propriedades terapêuticas tanto do Aloès como do Limão, é caso para perguntar  aos acérrimos interditores dos produtos com propriedades preventivas e curativas, se o Aloés e o Limão devem ser interditos no consumo corrente ou se só podem ser vendidos em farmácias. Quanto à designação de suplemeto alimentar,  eles poderão sustentar que se trata disso mesmo, mas não esqueçam  as propriedades que contêm na defesa da saúde.

Até breve,  com novos conceitos deste vosso modesto conselheiro.

 

SERÁ PELO NOME?

Meses após a fundação da APPDH e como associada, foi com tristeza que apurei que existem ainda poucos sócios e interesse em conhecer e participar neste projecto. Será pelo nome ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA A PROMOÇÃO E DIGNIFICAÇÃO DO HOMEM = APPDH e seus significados?

Com vidas atribuladas, tantas discussões parlamentares, lembrar de guardar todas as facturas de um casamento, incerteza de qual clube ganha o 2º lugar na 1ª divisão de futebol e vigilância apertada para saber que figura pública traíu, casou, mentiu ou teve gripe, talvez não parem para pensar e decifrar o real significado das palavras.

ASSOCIAÇÃO = Para quem procurou o significado da palavra e leu "Conjunto de vegetais de uma mesma espécie, a cobrir uma determinada área de terreno....", não fiquem enterrados, quietos e mudos como batatas, cenouras e alfaces que esperam pela água, luz e colheita mas procurem mais e encontram o significado " União de pessoas para um fim e interesse comum."
PORTUGUESA = Para quem leu "Forma cultivada de planta nova de porte prostrado", atenção que é um significado agrícola pois também podemos lêr "Flexão feminina de português / Natural de Portugal."
PROMOÇÃO = Não pense simplesmente em subir de escalão no emprego, em mais poder ou em mais dinheiro pois pode lêr que o significado é "Acto ou efeito de promover, dignidade."
DIGNIFICAÇÃO = "Acção ou efeito de dignificar = tornar digno, enobrecer, elevar, honrar."
                            E finalmente
HOMEM = Se lêr "O ser humano do sexo masculino que se opõe á mulher", não se enganem pois o nosso projecto não é machista. Se lêr que o significado pode ser " O marido ou o amante", não se esqueçam que é significado popular da palavra e para quem leu "homem opõe-se a Deus", descansem todos os que têm Fé, pois ambos têm lugares distintos. Nesta Associação lemos que o significado é : "Cada um dos representantes da espécie humana, animal RACIONAL, MORAL, SOCIAL, capaz de linguagem articulada, de rir emitindo som, cuja posição normal é a vertical e que ocupa o primeiro lugar na escala zoológica."

Nós, na APPDH, procuramos um mundo melhor promovendo toda a pessoa e dignificando-a de acordo com a superior espécie que somos, mesmo assim, acham que a APPDH não tem interesse?
Participem! Consultem os nossos Estatutos!
Tornem-se Sócios e como diz a canção : " Traz outro amigo também!"

       * Presidente do Conselho Fiscal da APPDH

publicado por promover e dignificar às 13:34

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Pagina 5

A ESCULTURA TUMULARIA

 

 Numa abordagem da Escultura no campo da arte funerária. Surgem momentos na história em que se opera uma fusão entre a escultura e o espaço arquitectónico. Não deixámos de sentir a necessidade de manter esta inter-relação nos momentos que nos pareceu de todo impossível fazê-lo.
  Desde a Antiguidade a escultura funerária tem ilustrado a simbologia do poder Imperial, Real, Político e Religioso. Pautada na essência pelo registo da heroificação do Homem e pela sua fixação num determinado contexto espacial e temporal, a escultura tumular opera uma dinâmica entre a vida e a morte cuja ponte mágica, traçada à luz das qualidades humanas transversais à própria História, é o amor.
   A estatuária tumular do Império Antigo no Egipto (2660 a.c. – 2180 a.c.) servia fins específicos que se prendiam com a preservação da vida, ou seja, constituíam –se como receptáculos de vida onde são introduzidos o Ka e o Ba, princípios imateriais presentes em todos os seres humanos, de quem a encomendava. As suas dimensões eram variáveis, desde a estátua colossal que era edificada no Templo até à estatueta que acompanhava o defunto.
  A relevância desta estatuária residia na sua função de preservação da vida e na arte pela arte. Testemunha de elevado rigor de execução, de equilíbrio, de graciosidade e de mistério. A estatuária tumular não pretendia ser exibida e portanto não se revestia da necessidade de ser "bela".
   A produção de estatuária tumular egípcia era elaborada por artesãos especializados designados por hemu, que significa "aquele que modela corpos em metal, madeira ou pedra para os fazer viver eternamente" ou por seank ,"aquele que dá a vida". Esta forma de vida era atribuída pelo sacerdote à estátua e realizava-se através de orações escolhidas no "Livro dos Mortos"e pelo ritual transcendente que consistia na "abertura da boca", ou seja, o sacerdote tocava na boca da estátua com um instrumento, só após o ritual a estátua estava terminada. A liturgia articulava simultaneamente a vida e a palavra.
  Os modelos utilizados na produção da estatuária obedeciam à lei da frontalidade que consistia no estabelecimento de uma linha vertical que dividia a imagem para a manter hirta a partir do eixo central, o movimento poderia ser sugerido através de um ténue avanço da perna esquerda, em estátuas sentadas não se observava a sugestão de qualquer movimento.
  Os materiais variavam entre a pedra, sendo este o material mais nobre pelo seu carácter sólido, dando até origem, numa fase posterior, às "estátuas – cubo" pela sua robustez, a cerâmica e o marfim.
  A produção de escultura no Império Médio (2180 a.c. – 1560 a.c.) numa primeira fase deste Império, assiste a uma profunda transformação no plano formal, engendrada no seio de um forte academismo que opera duas correntes de pesquisas. A primeira no campo da representação psicológica do rosto da figura humana, esta corrente está ligada a Tebas e a segunda corrente ligada ao academismo de Mênfis preocupa-se essencialmente com a estilização na representação do corpo humano. Considera-se portanto que o realismo de Tebas aborda a vertente divina do homem, enquanto o idealismo de Mênfis revela o deus humano.
  O desenvolvimento das pesquisas formais, operadas pelas correntes de Tebas e Mênfis, na arte da escultura tumular, desenvolve-se ao longo do Império Novo (1560 a.c. – 1070 a.c.), multiplicando-se em soluções que buscam cada vez mais a elegância das formas, soluções impulsionadas pela própria feminilidade da rainha Hatchepsut que determinam o Império Novo como o Império da elegância.
O nascimento da monarquia faraónica ficou registado na paleta de Narmer, executada em escultura de baixo-relevo, perdurou três mil anos e termina na dinastia Ptolomaica cuja tónica permite desde logo antever o domínio de Roma.
Na escultura grega, a partir do ano 1000 a.c., observam-se várias fases individualizadas por características próprias, as estátuas são concebidas formalmente em linhas ondulantes conducentes à sensação de nobreza e magnitude. As características gerais de que são dotadas as estátuas gregas assentam nas noções de proporção, simetria e simplicidade, esta nova consciência, resultante das primeiras noções de carácter experimental forjadas no Egipto, implica à priori uma determinante maturação das formas e autonomiza-se muito rapidamente num formalismo completamente distinto e original.
  A escultura tumular grega está em relação com as colunas en cimadas por edículas cujo tratamento é apresentado em relevo, conservadas ainda em Kerameikos um cemitério de Atenas. A figuração humana constitui a temática dominante da escultura funerária onde predominam cenas da vida quotidiana ricas em informação para estudos sobre a vida da época.
  No século IV a. C., ocorre uma grande profusão de encomendas de estátuas para os túmulos dos príncipes bárbaros dos quais se salienta o túmulo de Mausolo (c. 335 – 330 a.c.), ou Mausoléu, em Halicarnasso onde o artista Escopas revela novas soluções técnicas através da inclinação da cabeça, presente num dos frisos da Mausoleu, pela profundidade do campo dos olhos e pela excelente qualidade plástica na representação do movimento.
  A partir do ano 100 a.c. a cultura romana domina a cultura grega, verificando-se um retrocesso à lei da frontalidade na concepção formal da escultura, paradoxalmente observa-se a introdução da noção da luz em soluções de contraste entre o claro e o escuro. As práticas funerárias romanas inicialmente incidem na incineração, voltando a praticar-se a inumação na época de Adriano onde surge a produção de sarcófagos adornados com relevos e assentes em estratégias de negócio como a exportação.   
  Os sarcófagos romanos geralmente têm forma oval remetendo, para a mitologia relativa ao vinho, à forma do lagar. Os motivos podem incidir sobre padrões vegetalistas como parras ou em cenas figurativas alusivas a batalhas, cenas de caça, seres marinhos, musas ou podem adaptar para o plano da figuração as quatro estações do ano.
  Em Portugal a escultura funerária adquire relevância a partir da época românica (séc. XII – XIII), anteriormente a produção tumular esculpida era muito escassa contudo pode e deve ser exemplificada, pela sua excepcionalidade, no túmulo de São Martinho de Dume (518 – 579) Bispo da Diocese de Braga e ainda pelo túmulo de Nausto, Bispo de Coimbra.

  As profundas alterações mentais e o desenvolvimento dos transportes proporcionaram o desenvolvimento do trabalho artesanal, a ideia do juízo final e do Purgatório conduzem, paralelamente, à ideia de construção do paraíso na terra de onde surgem as construções de lugares sagrados adequados a albergar as linhagens mais proeminentes durante a estadia no além. No séc. XII os túmulos são constituídos por soluções formais muito simples, as tampas surgem com características planas ou ligeiramente convexas. A partir do séc. XIII o tratamento formal da tampa tumular torna-se mais complexo destacando-se desde logo uma vertente mais angulosa testemunhada no túmulo de Egas Moniz presente no Mosteiro de Paços de Sousa. A simplicidade do túmulo de D. Afonso Henriques presente em Santa Cruz de Coimbra impressiona de tal maneira o rei D. Manuel I, que este resolve encomendar um novo túmulo bastante mais ousados no plano formal. Esta ideia de D. Manuel I revestida da mais nobre das intenções não deixa de ser, hoje, um "mistério" para o observador devido à incongruência cronológica apresentada entre a datação da obra e a datação da morte efectiva de D. Afonso Henriques.
  O estilo Românico nacional presente na escultura tumularia denota um desenvolvimento tardio em relação à Europa.
 
 Panofsky refere dois tipos de temas presentes na produção dos sarcófagos graníticos deste período. O primeiro, "prospectivo", está relacionado com a presença de representações de Leões protectores que podem suscitar medo ou segurança. O segundo, "retrospectivo", corresponde à representação de temáticas ligadas à vida terrena do tumulado. Esta gramática será plenamente maturada pelo Gótico nacional a partir de dois grandes núcleos de produção localizados em Coimbra e no Mosteiro da Batalha. Jamais tendo a intenção de retirar a importância de núcleos como o de Santarém (bastante carente em dinâmicas expositivas e de restauro do Património), Lisboa ou Évora mas é na Batalha que reside o túmulo de inspiração para a elaboração deste texto sobre arte tumularia. Trata-se do Tumulo conjugal da primeira geração da Dinastia de Avis D. João I e D. Filipa de Lencastre, localizado ao centro da Capela do Fundador, à direita da entrada do corpo da igreja.
  Em texto anterior publicado neste jornal fez-se alusão às nobres qualidades deste casal, à ínclita geração resultante desta aliança e também à influência da cultura inglesa de D. Filipa vertida na produção literária cavaleiresca e novelesca nacional.
   Pois bem agora optámos por um percurso cheio de " grandes Avenidas inerentes à construção da História da Arte"para que o leitor, ao "espreitar" a Vitrina da História da Arte Tumular Esculpida, se deleite com a serenidade do gesto humano representado e eternizado por um autor desconhecido, com a perfeição da unidade estilística perpetuada pela luz, com a qualidade da elegância humana alcançada na posição dos corpos deitados e individualizados pelo livro e pela espada e que me diga se sente ou não a magia do amor detalhadamente "encenada" pelo Escultor.

 

O EFEITO BOLA-DE-NEVE DOS ASSOCIADOS

Cada associado pagará 5,00€ por mês de quota. É um valor suportável e que vém, em muito, ajudar a APPDH a crescer e a cumprir o seu projecto - levar por diante as causas nobres a que se comprometeu no primeiro dia da sua existência. O jornal O Estafeta tem a missão, entre outras, de informar a sociedade portuguesa de todos os passos que dermos no sentido da Promoção e Dignificação do Homem. E com toda a veracidade dos nossos ideais e determinação possivel das nossas forças e disponibilidades. Como tal temos de reunir esforços. Precisamos de fazer crescer o número de associados e juntar-mos as sensibilidades.
Posto isto, fazemos um apelo aos nossos leitores: preencham a ficha de associado e juntem-se aos existentes. E ajudem a produzir o efeito “bola-de-neve” : cada sócio arranja outro sócio, o novo sócio arranja outro e assim sucessivamente. Será desta forma que a APPDH crescerá imparavelmente para chegarmos a todos os cantos do mundo.

Preencha a ficha de inscrição e veja na ficha técnica outros elementos de que necessite.  

 

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publicado por promover e dignificar às 13:32

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UM IMPERATIVO DE CIDADANIA

 

 Não são os cidadãos com mobilidade reduzida cidadãos como todos os outros? Ou será que só temos sensibilidade para tais casos quando ela nos toca em concreto ou a alguém que nos é próximo?!… Perante tal imperativo de cidadania, há que alertar as consciências, pois toca a todos o dever e a responsabilidade.

Por: Mónica Fonseca

 

"O imperativo da progressiva eliminação das barreiras, designadamente urbanísticas e arquitectónicas, que permita às pessoas com mobilidade reduzida o acesso a todos os sistemas e serviços da comunidade, criando condições para o exercício efectivo de uma cidadania plena, decorre de diversos preceitos da Constituição, quando proclama, designadamente, o princípio da igualdade, o direito à qualidade de vida, à educação, à cultura e ciência e à fruição e criação cultural e, em especial, quando consagra os direitos dos cidadãos com deficiência."
 
Assim começa o Decreto-Lei n.º 123/97, de 22 de Maio, que define as Normas Técnicas Destinadas a Permitir a Acessibilidade das Pessoas com Mobilidade Condicionada, inserido no Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU). Regulamento que se dirige a toda a classe técnica que intervém no domínio da construção e edificação urbana, como é o caso dos arquitectos, engenheiros e técnicos especializados.
           A aplicação deste Decreto-Lei é obrigatória em todas as intervenções arquitectónicas e urbanísticas, para que, deste modo, se cumpram os direitos dos cidadãos com deficiência. E é obrigação do Estado, da qual não se pode eximir, tornar efectiva a sua realização, ao abrigo do n.º 2 do artigo 71.º da Constituição Portuguesa.
           Como país civilizado e democrático, que tem por base o cumprimento da Constituição para a sua boa organização e adequado funcionamento, não deveria ser necessário um Decreto-Lei que obrigasse todos os portugueses a zelar pelos seus cidadãos com deficiência…
Se todos cumprissem os princípios e valores imperativos constitucionais e tivessem consciência dos seus deveres de cidadania, certamente que seria outra a realidade, mais justa e fraterna, e muito mais solidária com quem precisa.
Mas, infelizmente, não é o que se verifica! Muita lei morre à nascença e não passa do papel. Nem mesmo o Estado, que teria – efectivamente, parece que não tem… – o dever de ser o primeiro a cumprir e a fazer cumprir a Constituição, o faz.
      Nas nossas cidades multiplicam-se as situações de barreiras arquitectónicas e urbanísticas, que impossibilitam cidadãos de mobilidade reduzida de acederem e usufruírem de espaços, serviços e equipamentos.
Não são eles cidadãos como todos os outros? Ou será que só temos sensibilidade para tais casos quando ela nos toca em concreto ou a alguém que nos é próximo.
Ter em consideração esta necessidade apenas e só porque resulta de uma obrigação legal já constitui uma realidade inaceitável, que deveria apoquentar a consciência individual e colectiva. Constatar que nem a Constituição nem a lei são cumpridas é absolutamente intolerável.
Esta manifestação de egoísmo e de indiferença, esta negação de qualidade de vida, muitas vezes fruto da ignorância, da incompreensão ou de desígnios puramente economicistas, tem de ser combatida, com o exercício consciente da cidadania, com todos e por todos.
     Pois é certo que todos os edifícios e espaços públicos deveriam estar dotados de acessos e equipamentos adequados para que todos os cidadãos de mobilidade reduzida tenham livre acesso a estes, usufruindo-os na sua plenitude, sem qualquer entrave.
Para tanto é necessário que as normas descritas no Decreto-Lei acima mencionado sejam aplicadas. O que implica que nos projectos de construção e de intervenção estejam previstas rampas de acesso, cuja inclinação não deverá ultrapassar os 6 por cento; a altura dos lancis junto das passagens de peões deverá ser de 0.12m, de forma a facilitar o rebaixamento até 0.02m; a largura mínima dos passeios e vias de acesso deverá ser de 2.25m; o equipamento/mobiliário urbano deverá ter características adequadas, de modo a permitir a sua correcta identificação ao nível do solo pelas pessoas com deficiência visual; no caso da impossibilidade da construção de rampas, devem prever-se dispositivos mecânicos (elevadores, plataformas elevatórias ou outro equipamento adequado) para vencer o desnível; a largura mínima dos vãos das portas de entrada nos edifícios abertos ao público deverá ser de 0.90m; os aparelhos telefónicos instalados nas áreas de atendimento público de cada edifício deverão ter os números com alguma referência táctil, seja em relevo, em braille ou outra, e a altura da ranhura para as moedas ou cartão, bem como o painel de marcação de números dos telefones deverá situar-se entre 1m e 1.30m; quanto às instalações sanitárias devem ter uma cabine, tendo como medidas mínimas 2.20m x 2.20m, permitindo o acesso por ambos os lados da sanita; é obrigatória a colocação de barras de apoio bilateral, rebatíveis na vertical e a 0.70m do

 

Falta de convívio

Há dias ao ler um poema, daqueles antigos que nos deixam alguma reflexão, lembrei-me da forma como outrora, em tempo não muito recuado, se elevava o respeito e a admiração pelos mais velhos. Era com eles que aprendíamos: vizinhos, colegas de trabalho, professores, enfim com os mais velhos. Escutávamos o seu saber e orientávamos rumo.
Antes de me licenciar em Direito – e fi-lo já muito tarde – calcorreei, como ainda faço hoje, o meu percurso profissional ouvindo, reflectindo e sobretudo não desperdiçando o muito que é a transmissão do saber.
Para além do saber académico, obviamente útil e importante para o engrossar dos conhecimentos, não podemos deixar cair o que no dia-a-dia nos chega através das pessoas, até dos mais novos. Largando as páginas dos livros e os ecrãs dos computadores também se aprende, e muito. E quando fazemos uma qualquer pesquisa sem ser pela Internet? Aqui ainda sentimos o merecido orgulho que fomos nós que procurámos, descobrimos e juntámos as ideias.
Admito que a falta de convívio e a estranha (mas efectiva) competição altere comportamentos e aqui há um clara perda de conhecimento. Conhecimento e valores.
Saber fazer o nó da gravata, quem foi a pessoa que deu o nome à nossa rua ou como aconteceu um detalhe antigo escuta-se pela voz dos mais velhos.
E com eles vamos deixar perder vivências e saberes que não vêm nos livros. Não vamos preservar algumas memórias específicas.
Falta-nos esse conhecimento! E nem muitas pós-graduações preenchem esta lacuna.
Recuperar tertúlias, conversas de café e atitudes de são relacionamento enriquece-nos e obriga-nos a pensar, debater ideias e articular a oralidade.
Faz bem.
                                                     

Conversas para uma
 Cultura da Tradição

Não há, nem nunca houve no nosso país, uma "Educação para a Cultura da Tradição isto é, nunca  a Escola ensinou(transmitiu) aos seus alunos os valores que os definem e caracterizam, tão-pouco  sobre a  a importância da "cultura tradicional".Não surpreende por isso que figuras prestigiosas do país mostrem um total desconhecimento da matéria, e que num universo de  mais de dois mil grupos que de folclore se intitulam ,apenas umas três a quatro centenas tenham representatividade ou para isso trabalham.

Mas ,o que é o folclore?

Definido em todos os dicionários e reconhecido pela UNESCO, podemos dizer que o mesmo  deve "ser entendido como expressão da cultura tradicional, entendendo-se como tal os comportamentos, usos, vivências e valores que qualquer grupo social, relevante culturalmente, utilizou durante o tempo suficiente para impor a marca local, independentemente da sua origem e natureza."

E um "grupo de folclore" o que deve ser?
 
Digamos que o "retrato" possível das gentes do antigamente. E aqui entenda-se antigamente o tempo em que os usos e costumes ainda não sofriam influências universais ,em que mesmo as alterações resultantes do encontro com outras gentes, aconteciam naturalmente. Era a chamada aculturação.

Mas, como saber  que determinado acto é folclore?

 O Inspector Lopes Pires tem uma maneira muito interessante de o explicar:

1)-Ser popular( ser do gosto do povo…-ser da sua predilecção):
2)-Ter autor desconhecido;
3)-Ser tradicional(passar de geração em geração por via oral);
4)—Ser universal( pertencer a uma comunidade cultural significativa e não apenas a uma família ou pessoa).

Quanto ao desconhecimento do que é folclore por parte de figuras prestigiosas, por certo que já ouviu muitas vezes a afirmação  de que  isso não tem importância,  não passa de folclore. Pois bem, e segundo a "Sociedade de Língua Portuguesa", tal só é tolerável a um analfabeto ou pessoa de pouca cultura.

publicado por promover e dignificar às 13:28

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Pagina 7

SEGURANÇA, PREVENÇÃO, REPRESSÃO E RECUPERAÇÃO

SOCIEDADE, PARA ONDE VAIS?

 

 

Os primórdios da história do direito penal coincidem com o início da história da humanidade. Surge com o homem e tem-no perseguido ao longo do tempo, pois o crime, qual sombra tenebrosa, nunca dele se separou... E sendo certo que nem todos os delinquentes são recuperáveis ou precisam do apoio solidário da sociedade, torna-se obrigatório auxiliar quem quer ser auxiliado e manifesta vontade de ressocialização

 

Por: João Carlos Fonseca

 

Estado pode intervir, tanto na prevenção quanto na repressão, de três formas:
a) – Nas múltiplas causas que levam o homem à criminalidade;
b) – Através da polícia, na manutenção da ordem pública, em acções de prevenção directa e imediata;
c) – Através da pena, numa perspectiva de repressão com finalidade preventiva.
Mas ainda que seja essencial o desempenho do Estado, nomeadamente na implementação de políticas de prevenção e recuperação dos delinquentes, que minimizem o avanço da criminalidade, há uma quota-parte de responsabilidade atribuível à sociedade, que muito costuma exigir e pouco intervém.
Quando à inércia do Governo se soma a passividade da sociedade o resultado pode ser caótico, fazendo disparar a criminalidade e o sentimento de insegurança para níveis intoleráveis.
Quando tal acontece é comum a mútua imputação de culpa. O governo responsabiliza a sociedade e a sociedade responsabiliza o governo. E, invariavelmente, tudo piora ou fica na mesma.
No seio da própria sociedade é recorrente as classes média e alta acusarem os de mais fracos recursos de todos os climas de insegurança. Enquanto estes denunciam a má distribuição da riqueza, a avareza desmedida da classe dominante, as políticas neoliberais, a impotência do Estado, o desemprego, o tráfico de drogas… ou o agora crescentemente famoso carjacking.
Seja como for, a verdade é que esta perspectiva desigual da realidade tem reflexos na justiça. E se todos devíamos ser iguais perante a lei, há uns que quase sempre são mais iguais do que os outros.
Muitos são os atropelos à dignidade e respeito devidos a todo o ser humano, e muita é a discriminação em função do poder, maximizada nos crimes de colarinho branco, que têm por intervenientes detentores de cargos políticos.
Uma outra tendência maléfica e corrosiva que vai varrendo e vingando na sociedade é o entendimento de que o mundo é dos chico-espertos, e de que o chico-espertismo compensa – os chico-espertos são aqueles que mal vêm uma fila ultrapassam tudo e todos para se colocarem o mais à frente possível… e, todos os dias, esse é um "exército" que aumenta assustadoramente –, pois são eles, os chico-espertos, que têm maiores probabilidades ou possibilidades de vencer na vida.
Daí que a ausência de respeito pelo próximo e a utilização da mentira, da corrupção e da violência façam parte integrante e crescente do nosso quotidiano, altamente deficitário duma intervenção colectiva assente em princípios e valores essenciais, ou duma reacção da justiça que apazigúe o inconformismo dos justos.
Não admira, pois, que os cidadãos de espírito puro fiquem decepcionados com a actual conjuntura social – onde os direitos, liberdades e garantias, individuais e colectivos são invariavelmente maltratados – e que essa decepção provoque reacções de negação de cidadania
Neste cenário, também é certo que todos atingimos o brilhantismo no diagnóstico, mas, lamentavelmente, continuamos paupérrimos na terapêutica. Todos sabemos reflectir acerca dos fundamentos da criminalidade, e todos eles parecem manifestamente claros e fáceis de enumerar. Porém, dar cura ao paciente, mediante uma acção esclarecida e concertada da sociedade, parece política e socialmente impossível.

RESPONSABILIDADE DA COMUNICAÇÃO

As grandes parangonas da Comunicação Social – destaques de primeira página na imprensa e abertura de noticiários da rádio e televisão –, justificadas apenas pela lei das audiências, contribuem gratuitamente para a histeria geral e ajudam a enriquecer o sentimento de insegurança, mas muito pouco ou nada favorecem a resolução dos problemas.
Critica-se a elevada carga de violência de alguns programas televisivos, das séries aos desenhos animados destinados a crianças, passando pela publicidade agressiva e por entretenimento que vai muito além da diversão.
A violência atinge a personalidade e o comportamento humano, minando da infância à idade adulta. E as nossas crianças, abandonadas por um universo cada vez mais vasto de famílias que não têm tempo, passam mais horas à frente da televisão do que com os progenitores ou professores…
O bombardeamento sistemático publicitário promove o consumo ilimitado de marcas e produtos, levando-o ao limiar do irracional. E provoca a abusiva ilusão de que muitos bens são tão indispensáveis que sem eles a vida não faz sentido.

 

 

Principios e Valores Essenciais

A tendência cada vez mais universalizante para a afirmação dos direitos do homem como princípio basilar das sociedades modernas, bem como o reforço da dimensão ética do Estado, imprimem à justiça o estatuto de primeiro garante da consolidação dos valores fundamentais reconhecidos pela comunidade, com especial destaque para a dignidade da pessoa humana.
. Ciente de que ao Estado cumpre construir os mecanismos que garantam a liberdade dos cidadãos, o programa do Governo para a justiça, no capítulo do combate à criminalidade, elegeu como objectivos fundamentais a segurança dos cidadãos, a prevenção e repressão do crime e a recuperação do delinquente como forma de defesa social. Um sistema penal moderno e integrado não se esgota naturalmente na legislação penal. Num primeiro plano há que destacar a importância da prevenção criminal nas suas múltiplas vertentes: a operacionalidade e articulação das forças de segurança e, sobretudo, a eliminação de factores de marginalidade através da promoção da melhoria das condições económicas, sociais e culturais das populações e da criação de mecanismos de integração das minorias.
Paralelamente, o combate à criminalidade não pode deixar de assentar numa investigação rápida e eficaz e numa resposta atempada dos tribunais.
Na verdade, mais do que a moldura penal abstractamente cominada na lei, é a concretização da sanção que traduz a medida da violação dos valores pressupostos na norma, funcionando, assim, como referência para a comunidade. Finalmente, a execução da pena revelará a capacidade ressocializadora do sistema com vista a prevenir a prática de novos crimes.
 Não sendo o único instrumento de combate à criminalidade, o Código Penal deve constituir o repositório dos valores fundamentais da comunidade. As molduras penais mais não são, afinal, do que a tradução dessa hierarquia de valores, onde reside a própria legitimação do direito penal…"


(IN)CONSCIÊNCIA SOCIAL

A ausência de recursos financeiros ou de condições de aquisição constituem o meio caminho que conduz à ilicitude. E a necessidade ficticiamente alimentada – que o rendimento de trabalho nunca poderá alcançar –, explica a outra metade do fenómeno.
E neste foro, onde podia fazer-se alguma luz colectiva, a generalidade da população assiste aos acontecimentos na acomodada qualidade de mera espectadora, no seu resguardado sofá, temerosa e receosa do futuro, sim, mas absorvendo passivamente o que lhe vai sendo transmitido. E todos alimentam uma fé quase inabalável de que o mal só acontece aos outros, que um outro há-de ser a próxima vítima. E todos vivem alegremente presos num egoísmo que só conhece o "eu" e só por má consciência se converte em "nós".
Daí que seja comum ver a maioria dos cidadãos, mais revoltados, apelar a uma maior repressão, a mãos mais pesadas na aplicação das penas – que também elas devem ser mais pesadas… –, ou na defesa de piores condições de tratamento a dispensar aos reclusos, como se tudo isso pudesse contribuir para o arrependimento do delinquente e inibir de vez a prática criminosa.
Parece-nos por demais evidente a necessidade de avivar a consciência colectiva de que o crime é um problema social e comunitário. E se nasce na comunidade, é nela que deve encontrar soluções, numa intervenção de cidadania que se deseja responsável e esclarecida.
Pois se é certo que a maioria dos sistemas normativos apela à "salvação do delinquente" e utiliza expressões como "recuperação", "ressocialização", "reinserção" e "reeducação social", também não é menos verdade que muito raramente atravessam a fronteira das boas intenções legislativas, e quase sempre esbarram na inércia ou oposição da sociedade.

O PAPEL DA PRISÃO

O indivíduo submerso no universo prisional amiúde sofre um processo de desconstrução da sua personalidade e individualidade.
É pacífico o entendimento de que os estabelecimentos prisionais podem ser autênticas máquinas de esmagar e fazer regredir o indivíduo, sobretudo quando promovem uma "cultura de cadeia", sem qualquer ponto comum de referência com a vida do adulto em liberdade.
Se tal acontece, a prisão corre o risco de falência, já que não intimida nem recupera ninguém; e muito provavelmente corromperá bem mais do que cura.
Uma realidade tanto mais dura quando se sabe que a maioria dos delinquentes pertence às classes economicamente mais desfavorecidas da população, sendo que o crime está, nesse universo, umbilicalmente ligado à exclusão social.
Num espaço cada vez mais alargado de desigualdade social, o recluso adquire o estatuto do mais pobre de todos os pobres.

COMBATE À DESIGUALDADE

A consciência social em relação aos direitos humanos e à dignidade do ser humano, na convicção de que os delinquentes antes de serem criminosos são seres humanos, é um capital de esperança de que é possível intervir para mudar paradigmas de comportamento individual e colectivo – responsabilizando igualmente aqueles a quem outorgamos, através do voto, a responsabilidade de governar –, de modo a alcançar uma sociedade mais solidária, justa e segura.
Se no nosso quotidiano a solidariedade fizesse parte integrante de todas as relações pessoais, certamente que não haveria exclusão social, e a sociedade seria bem mais justa e equitativa na distribuição da riqueza e do bem-estar.
Mas falta cumprir satisfatoriamente o princípio da igualdade de oportunidades para todos, a busca permanente da realização pessoal de acordo com a condição humana, e onde sejam garantidas a educação, a saúde e o trabalho.
Em causa está o maior ou menor grau de cidadania de um povo, que também nessa proporção poderá conhecer melhores ou piores índices de paz e de violência.

UMA REINTEGRAÇÃO SEM ESTIGMAS

A sociedade tem o péssimo hábito de fixar cada um de nós ao passado.
A frustração do recluso quando alcança a liberdade é que encontra pela frente um outro portão fechado, bem maior do que aquele que deixou para trás, que é a estigmatização da sociedade.
Com ela, a sociedade conduz novamente o indivíduo à criminalidade, agravando a probabilidade de reincidência.

CONCLUSÃO

Há, pois, que actuar antes, durante e após a execução da pena.
Isso também não significa que, algum dia, seja possível erradicar a criminalidade da face da Terra, dado que ela acompanha o homem desde a origem dos tempos. Pois também é certo que há quem não deseje integrar-se na sociedade; quem renuncie a qualquer tipo de recuperação; e quem cometa crimes por motivos psicopáticos insanáveis.
Nem todos são recuperáveis. Nem todos precisam do apoio da sociedade. Mas torna-se obrigatório auxiliar quem quer ser auxiliado e manifesta vontade de ressocialização e de dar um outro e melhor rumo à sua vida.

 

 

 

publicado por promover e dignificar às 13:25

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ASTRONAUTAS DA ANTIGUIDADE   

A ciência e a astro-arqueologia

Os cientistas, acham-se por natureza, pouco inclinados a exprimir a sua opinião face a questões que possam ter implicações futuras. Isto visa em primeiro lugar as questões ligadas a investigações que exigem enormes meios financeiros e uma grande reflexão quanto ao tipo de conduta pessoal e cientifica.
Se tais investigações não conduzem, num futuro próximo a resultados concretos que provem o sru fundamento, é então muito arriscado emitir opiniões ou juízos publicos uma vez que não existem meios financeiros e humanos suficientes para responderem às suas exigencias.
A verificação das asserções e das descobertas de Von Daniken necessitaria de um aumento muito substancial de cientistas em diversos dominios, como a geologia, a paleontologia, a astronomia, a fisica, a biologia, a psicologia e a teologioa.
Como se vê trata-se sobretudo de ciencias humanas acerca das quais se pode concluirque por causa dos problemas financeiros, sao na maior parte dos países rechaçadas pelas ciencias técnicas.
Tendo em conta as declarações de alguns sábios, segundo os quais investigações como as de Von Daniken  exigiram várias geraçoes para serem estudadas a fundio, facilmente se percebe a razão por que os cientistas se conservam prudentes e reservados nas suas opiniões.
Se analisarmos os contactos, as conversas e as polémicas de Von Daniken havidos até agora com alguns sábios eminentes, e especialmente com os que participaram no programa que preparou a descida do homem da Lua, compreender-se-à então a ansiedade destes ultimos quanto ao regresso da tripulaçao depois de tão longos voos no espaço. A duração destes voos praticamente duplicou e, se encararmos a possibilidade de voos nas profundezas da nossa galáxia, chegamos então a valores de tempo enormes.~
A ansiedade dos cientistas não pode causar estranheza, pois o sucesso do voo lunar dependia antes de mais do regresso, com exito dos astronautas à Terra. Caso contrário o Programa Apolo teria sido um malogro.
Hoje, já ninguem se atreve a por em duvida a permanencia indefinida de uma tripulação num corpo celeste qualquer, a possibilidade de um voo continuo, de grande distancia, abaixo do nivel minimo da velocidade da luz, nem a utilização do meio de propulsão, como radiações ou temperaturas cósmicas, moléculas pesadas, etc.
O nosso planeta é ele próprio uma enorme nave cosmica em voo há biliões de anos, percorrendo a sua órbita especifica imposta pelo sistema planetário solar. Nave que é também habitada por astronautas que aí nascem e se sucedem de geração em geração.
O celebre astronomo Dr. Zwicky concebe cientificamente a possibilidade do desvio de todo o sistema solar, o que provocaria automaticamente a alteração da órbita tradicional do nosso planeta, fixada há milhões de anos.
Este projecto denominado "Pilgrim", que uniu, mais do que qualquer outro até hoje, imaginação e realizaçoes tecnicas e tecnologicas, encara a possibilidade de um voo prolongado no interior do sistema solar e da rendição da tripulação.
Isto exigiria porém que as condições agro-técnicas se achassem preenchidas; ora, existem já no cosmo possibilidades reais de que essas condições venham a verificar-se. Existe luz suficiente para a vegetação e, também gas carbonico, que as plantas transformam em oxigénio indispensavel ao organismo humano - ou, como pensa o professor Carl Sagan, o oxigénio poderia provir da introdução de algas azuis na atmosfera de gás carbónico que envolve os planetas Marte e Vénus. Estes exemplos mostram que o que não passava de imaginação há apenas vinte anos, é hoje tecnicamente uma realidade. Pode falar-se assim na possibilidade de visitar outros corpos celestes.
Se se considera a vinda ao nosso planeta de civilizações em expansão, ao longo da época pré-histórica, fecha-se o acesso à imaginação mesmo quando não se podem negar os testemunhos autenticos.
A avaliar pelas suas declaraçoes, certos cientistas estariam dispostos a seguir Von Daniken se este lhes apresentasse, por exemplo, um radio transistor ou um gravador magnético sob forma de figuras diversas gravadas na pedra.
Qualquer pessoa com formação técnica pode responder com rigor a esta questão.
Tomemos o exmplo do engenho espacial americano Surveyor. Depois de ter percorrido mais de trezentes e oitenta mil quilómetros, pousou no Mar das Tempestades e, num espaço de tempo muito curto, mudou inteiramente de aspecto. A tripulação da Apollo 12, que desceu mesmo junto do Surveyor, descobriu que aquela profunda alteração fora provocada pelo vento solar. Mais tarde, verificou-se que microbios de um vabo electrico tinham morrido ao fim de dois anos.
Convem lembrar o velho ditado: "Em cem anos, nem carne nem osso; em duzentos, nem pregos nem caixão". E pode perguntar-se então a esses cientistas se alguma coisa ficaria de um transistor, de um gravador ou de qualquer outro aparelho técnico.
Suponhamos agora que um objecto desse genero tinha sido encontrado; poderia não Ter despertado qualquer interesse nas pessoas da época que, possuindo um nivel cultural muito baixo, não teriam prestado a menor atenção a tal achado e te-lo-iam provavelmente deitado fora.
A pedra é, devido à sua resistencia e oxidação, um dos raros materiais que preserva os vestigios deixados pelas testemunhas da Pré-História.
É impressionante o silencio dos meios cientificos quanto à analise feita dos versiculos da Biblia relativos a Ezequiel. No seu livro, Blumrich faz com autoridade, a descrição da nave espacial referida por Ezequiel. A um construtor actual de naves espaciais bastaria pegar na Biblia, estudar tudo o que diz respeito à descrição de Ezequiel e transpor o resultado para a linguagem técnica dos nossos dias.
Uma anáise completa de tudo o que se relacione, mesmo numa pequena parte, com factos pré historicos causa a certos sábios dores de cabeça, insónias e inquietações, pois, como dissemos todo o conhecimento mais avançado destes problemas conduz inevitávelmente a conflitos com meios socio-politicos, e nenhuma personalidade cientifica, mesmo das menos ambiciosas, se sujeita a que qualquer coisa desse tipo lhe aconteça.
Fizeram-se na Jugoslávia algumas descobertas arqueológicas muito importantes.
Por ocasião de profundos movimentos de terras destinados à construção de uma central eléctrica em Lepenski Vir, foram encontrados valiosissimos vestigios de uma comunidade pré historica.
Seriam, entao necessarios enormes meios financeiros, bem como equipas de sábios especialmente aptos para procederem a investigações que determinassem a origem desses vestigios. Porem tudo o que foi encontrado se acha cuidadosamente guardado, muito provavelmente a cair no esquecimento. À medida que o tempo passa, o estudo vai sendo cada vez mais dificil, pois a atmosfera e o ambiente vão produzir os seus efeitos sobre o que até ali estivera envolvido num véu de mistério, tornando assim quaisquer novas análises mais laboriosas.
Um caso paralelo se passa com os vestigios pré históricos recentemente descobertos em Brodski Drevonac. As figuras, ou melhor as personagens representadas na pedra têm traços na cabeça que se assemelham a um tipo classico de antena de rádio. Certos sábios pensam que uma civilização técnica que dispunha de meios que lhe permitiam viajar no espaço e pousar na Terra, na época pre-historica teria podido por sua vez, conseguir uma forma avançada de antena individual.

As Provas da Astro-Arqueologia

Desde que os engenhos especiais têm a possibilidade de vencer a zona de atracção terrestre, a vontade de explorar os mistérios do universo aumentaram extraordinariamente.
Novos objectivos se propõem ao instinto de descobertasdo homem que não abandona a perseguição rumo às origens. respectiva resposta.

 

PADRES DO ANTIGAMENTE

 


Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, março 17)
SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO “Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".
*[agora vem o melhor:]*
“El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos dezessete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo, e guardar no Real Arquivo esta sentença devassa, e mais papéis que formaram o processo".

publicado por promover e dignificar às 13:21

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A VENDA DE COMBUSTIVEIS

E AS CONTAS (MAL) FEITAS

O Estado obteria maiores lucros e receitas se
 nivelasse os preços com os de Espanha


O Estado obteria maiores lucros e receitas se nivelasse os preços com os de Espanha

O actual preço de venda dos combustiveis, resultando em elevadas margens financeiras para o Estado, está a ser prejudicial para as finanças do próprio Estado. Senão vejamos:

Os postos de venda estão a registar avultadas quebras nas vendas, porque os espanhóis que nos visitam entram na fronteira portuguesa com os depósitos cheios e regressam com eles vazios, reabastecendo já em território espanhol.Também os nossos emigrantes e os visitantes vindos de outros países europeus fazem o mesmo. Tenhamos em conta os milhões de espanhóis que nos visitam, nem que seja apenas para tomarem as  refeições da gastronomia portuguesa que muito apreciam.
Por sua vez, as empresas de transportes de longo curso aproveitam a diferença, havendo ainda elevado numero de veículos privados portugueses que são capaz de percorrer mais de 50 quilómetros para irem abastecer em Espanha. Alguns não se limitam a encher o depósito do carro, levando também um tambor que trazem cheio.
Se tivermos em conta o que acabámos de frisar e o (benéfico) crescente fluxo turistico, chegamos à conclusão de que - ainda que sem bases em concreto -  os postos de venda portugueses poderiam vender mais cerca de 50 %,  se os preços estivessem nivelados com os de Espanha...
Eis uma simulação que nos dará a ideia das contas (bem feitas) e do que se perde se os nosso preços fossem iguais aos de Espanha. Exemplo relativo a 1.000 litros de gasolina vendidos em Portugal.

1.000 litros a 1,374 euros ao preço de 18/04/08 - 1.374 euros
Acréscimo de 50 %  =  a 1500 litros a 1,096  (preço de Espanha)  -  1.644 euros
Teremos assim um benefício de 270 euros, apenas em 1.000 litros vendidos aos preços actuais e com o acréscimo de 50% nas vendas.

Outros beneficios
- as receitas do Estado aumentariam, embora com taxas mais baixas;
- A industria portuguesa ficaria desagravada e mais competitiva;
- Os particulares consumiriam mais combustivel com menos dinheiro;
Os postos de abastecimento venderiam mais e aumentariam os lucros, pagando mais impostos ao Estado.
Todos ficariam a ganhar, Estado incluido.
Então, meus senhores dos Ministérios da Economia e das Finanças, por que esperam?
    Façam (bem) as contas e estarão a promover a economia em Portugal e dos portugueses.
Este artigo, elaborado numa óptica construtiva, foi enviado antecipadamente aos Ministérios da Economia e das Finanças.

 

O PEDINTE  REABILITADO

Não sei se já lhes contei que, em certa altura da minha vida me dei conta que estava a engordar demasiadamente prejudicando-me a saúde, em particular na área cardíaca. O médico receitou em conformidade e disse-me peremptoriamente:

- Tem de emagrecer dez quilos, pelo menos, e deixe de fumar.

Levei à risca o tratamento e o conselho do clínico. Em menos de um mês abati doze quilos. Obtive sensíveis melhoras e também um problema: que fazer com o vestuário? Especialmente com os fatos, pois de bem cingidos ao corpo, passaram a ficar larguíssimos. Mandar apertá-los, seria caríssimo e exigia caminhar para o alfaiate diversas vezes. Os fatos, embora muito usados, estavam ainda em bom estado. Mais valia adquirir outros no pronto-a-vestir. Assim fiz.

O problema que se me pôs a seguir, foi como me desfazer deles. Entregá-los nos serviços sociais da Junta de Freguesa ou na Igreja mais próxima seriam hipóteses, mas ouvimos falar de tantos descaminhos, que o melhor seria dá-los directamente a quem deles necessitasse. Foi nesse sentido que me dirigi a um"excluído" visto muitas vezes, abrigado junto à Estação de Santa Apolónia e que me parecia que lhe serviriam.

Aproximei-me. Estava sentado nos degraus, cobrindo-se apenas com um velho e sujo cobertor. Estendeu a mão. Dei-lhe uma moeda e disse-lhe que tinha um fato para dar. Se estivesse interessado trazê-lo-ia no dia seguinte. Agradeceu a moeda e disse que o aceitava "até lhe fazia jeito".

Conforme tinha prometido, leve-lhe um fato "pied de poule" cinzento, que ele agradeceu bastante, sem se mostrar subserviente. Era um homem ainda novo -na casa dos quarenta-, magro, (mas não tanto como eu), macilento, com aspecto de quem tinha passado por muitas dificuldades e miséria. Fez-me pena ver um homem tão novo, obrigado a dormir na rua, sem casa, sem trabalho e, possivelmente, sem família!

Decorridos alguns dias, passei pela Estação e lá estava ele, sentado, com a roupa que costumava usar. Abeirei-me e perguntei-lhe:                                      
 Então o fato lhe ficava bem?
       Até parece que foi feito para mim! Exclamou.
     E porque não o usa? Indague: Ficou um pouco hesitante na resposta, desabafando por fim:
     O senhor compreende, se vestisse aquele fato, perderia o ar de pedinte, ninguém me daria esmola e então pensei que seria melhor vendê-lo, sempre me davam algum dinheiro para umas sopas.

 No íntimo dei-lhe razão e perguntei-lhe:
Quer dizer que você tenciona viver de esmolas, toda a vida? Não tem família?

     Tenho, ou melhor tinha, respondeu. Sou casado e tenho uma filha, disse com o ar contristado como jamais vi, e acrescentou:
 Tinha um relacionamento estável com a minha mulher e uma filha adorável, de cinco anos, quando fiquei desempregado, devido à falência da firma onde trabalhava. E depois, sabe como é, as dificuldades, a falta de dinheiro, os dias passados à procura de trabalho. Quando arranjava ocupação, era a prazo de dois meses e rua! Em casa, zangas por tudo e por nada A entrada da miúda na escola, agravou a situação. Havia que fazer mais despesas. A minha mulher, cozinheira num restaurante, trabalhava muito e chegava a casa cansada e sem paciência. A depressão por que me via passar, sem que eu reagisse minimamente, ainda mais a exasperava. Entrávamos frequentemente em conflitos, a ponto de ela me ameaçar com o abandono do lar!
   
     Um dia, cheguei a casa e não as encontrei! Nem mulher, nem filha, estava só! Nessa ocasião tive ganas de me suicidar! Acabei por me conformar. Sem dinheiro para pagar a renda da casa, fui vendendo tudo o que podia, e finalmente fui forçado a sair.  No primeiro dia passei a noite numa casa de "passe". Desde então, durmo aqui!

Interrompi-o com uma pergunta provocadora: As esmolas que consegue obter dão para viver? E ainda: Onde come? Onde cuida da sua higiene? Porque não procura trabalho? Tenciona deixar-se morrer aqui, por inacção?

  O pobre do homem, rosto tisnado pelo Sol e intempéries, com cabelos compridos e a barba por fazer havia muito tempo, olhou para mim com ar acabrunhado, misto de culpa e desalento, encolheu os ombros com desdém, por quem estava longe de entender a tragédia da sua vida!

    Finalmente, respondeu: as esmolas dão apenas para uma sopa ao almoço e nem sempre; para tomar banho uma vez por semana, no balneário do Castelo; os Amigos da Noite fornecem-me, diariamente, sopa, pão e leite. Já não fumo, nem bebo, vegeto!

   Em face da situação que me foi apresentada, decidi convencer este pobre a reagir, porque achei que tinha condições, físicas e mentais, para ser recuperado.

     Então diga-me, não tem saudades de ver a sua filha? De certo que tem! Porque não a procura?

     Já a procurei em casa da minha sogra, mas esta disse que ela e a mãe tinham ido viver com outro homem, mas que desconhecia a morada. Respondeu.

      Mas, atalhei, pode dirigir-se ao restaurante onde a sua mulher trabalha e perguntar-lhe, ou segui-la! No entanto, sempre lhe digo que, apresentar-se à filha, mal vestido, com essa indumentária, cabelo crescido, barba por fazer e cara de fome, decerto não vai ser bem recebido. Portanto você tem de começar pelo princípio: arranje trabalho e outro modo de vida. Pedir esmola não é solução!

      E ainda, Você disse-me que se vestisse o fato que lhe ofereci, ninguém lhe daria esmola; e eu digo-lhe, com a roupa que você está usando, ninguém lhe dará trabalho! Portanto, vamos combinar: Você vai destinar um dia para fazer a sua higiene, cortar o cabelo, fazer a barba e vestir outro fato que lhe vou oferecer e assim, devidamente aprumado, vai percorrer a cidade de lés a lés, junto de quantas obras encontrar, até arranjar trabalho. Se tal acontecer, prometo dar-lhe algum dinheiro, até que lhe paguem o primeiro salário! Depois, é só procurar a sua filha. Valeu?

    Tudo foi feito, como tinha sido combinado e o homem, lá foi pensando na filha, à procura de trabalho!

 

NOTA DE O ESTAFETA

 

Quantas pessoas, bem posicionadas na vida, não poderiam ajudar na reabilitação, um pedinte, um sem-abrigo ou uma mulher que vende o seu corpo como única forma de sobrevivência?... E em prol de uma sociedade de que nos possamos orgulhar?
Contactem a APPDH, ajudando a realizar o projecto que temos para estas causas.

publicado por promover e dignificar às 12:58

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Pagina 10

CARMEN MIRANDA

 

Maria do Carmo Miranda da Cunha, nasceu na Freguesia de Várzea da Ovelha, pertencente ao Conselho de Marco de Canavezes, antiga São Martinho da Aliviada, no Distrito do Porto, em Portugal.
O nome "Carmen" trata-se de abreviação de Maria del Carmen, que é o mesmo que Maria do Carmo. Não foi Carmen um nome artístico, mas, primeiramente, familiar.
Em 1910 Carmen viajou com a mãe e a irmã Olinda para o Brasil. O pai já se tinha antecipado, estabelecendo-se com um salão de barbeiro — mais tarde denominado "Salão Sacadura" no Rio de Janeiro.

O início da carreira artística
Carmen, aos 14 anos, deixa a escola e emprega-se numa loja de gravatas como balconista. A pensão, dirigida por Dona Maria, com o auxílio dos filhos, servia refeições aos rapazes do comércio. Olinda morreu em 1931, com 23 anos. Tinha linda voz. Chegou a cantar música popular no Teatro Lírico, de certa feita. A vocação artística — todos cantaram e bem — provém do lado materno. Olinda morreu em Portugal acompanhando, por cartas e discos, a carreira já vitoriosa de Carmen.
O grande sucesso viria a partir de 1930, quando grava a marcha "Pra Você Gostar de Mim" ("Taí"), de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, Carmen já é apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira".
Em 1933 ajuda a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, Carmen assina um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga, para ganhar dois contos de réis por mês. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachet por participação. Carmen ganha o apelido de "Cantora do It". Em 30 de outubro realiza a sua primeira turné internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Carmen voltaria à Argentina no ano seguinte, para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano

Carreira cinematográfica no Brasil
Em 20 de janeiro de 1936 estreou o filme Alô, Alô Carnaval, em que Carmen e Aurora actuam juntas na famosa sequência em que cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, Carmen e Aurora passam a integrar o elenco do Casino da Urca. A partir de então as duas irmãs  dividem-se  entre o palco do casino e excursões frequentes aos diversos estados brasileiros e à Argentina.
Foi durante uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power que se aventou a possibilidade de uma carreira de Carmen nos Estados Unidos. Era o ano de 1938 e Carmen recebia um salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca. Carmen não se interessou pelos EUA e permaneceu no Brasil.
Em 1939, o empresário americano Lee Shubert, em companhia da actriz Sonja Henie chegam ao Rio a bordo do navio Normandie. Vista por Shubert na Urca, Carmen assina contrato depois de se apresentar no navio. Shubert estava interessado apenas em Carmen, mas a cantora fez questão de levar o Bando da Lua para a acompanhar. Depois de muita relutância, Shubert, já de volta aos EUA, aceita a vinda do Bando. Carmen partiu no vapor Uruguai, em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

A carreira nos Estados Unidos e o começo da consagração

Em 29 de maio de 1939 Carmen estreou na revista "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso. A imprensa americana rende-se ao talento da cantora brasileira, que ao desembarcar em Nova York declarou: "Vocês verão principalmente que sou cantora e tenho ritmo". As participações teatrais de Carmen aumentam a medida em que cresce o seu reconhecimento. Em 5 de março Carmen apresenta-se durante um banquete ao presidente Franklin D. Roosevelt na Casa Branca, em Washington.
Em 10 de julho retorna ao Brasil, onde é acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em apresentação para a cúpula do Estado Novo no Casino da Urca Carmen é apupada pelo grupo germanista do governo brasileiro, que via em Carmen uma influência "americanizada". Dois meses depois, no mesmo palco mas desta vez para uma platéia comum, Carmen é aplaudida e apoiada. No mesmo mês gravou os seus últimos discos no Brasil, onde responde com humor às acusações de ter esquecido o Brasil.
Em 3 de outubro, Carmen de volta aos EUA grava a marca dos seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Chinese Theatre de Los Angeles.
Entre 1942 e 1953 Carmen actuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, casinos e teatros norte-americanos. Na esteira da Política de Boa Vizinhança implementada pelos EUA em face do conflito europeu, o espaço para artistas "latinos" cresce. Carmen, apesar de ter chegado à América antes da Segunda Guerra e da criação da Política é identificada com o projeto.

Vida amorosa e casamento

Em 1946, ao fim da Segunda Guerra, Carmen é a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais paga imposto nos EUA. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen mantivera romances com várias estrelas de Hollywood e também com o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
Antes de partir para a América, Carmen namorara o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve casos com os actores John Wayne e Dana Andrews.
O casamento com David Sebastian é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como a principal razão do começo da sua decadência física. Dave, um fracassado empregado de uma produtora de cinema, investiu-se na posição de "empresário" de Carmen, e foi responsável por uma série de negócios mal conduzidos. Dave também era alcoólico e teria apresentado Carmen ao álcool, do qual ela também logo se tornaria dependente. O casamento entraria em crise já nos primeiros meses, mas Carmen, católica devota, não aceitava o divórcio. Em 1948 Carmen engravida de David, mas sofre um aborto espontâneo depois de uma apresentação.


Dependência de barbitúricos

Desde o início de sua carreira americana Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de sua agenda atribulada. Na época, tais drogas ainda eram pouco conhecidas e receitadas irresponsavelmente por médicos. Carmen adquiria as drogas com receitas obtidas legalmente e não percebia os seus efeitos deletérios. Rapidamente se tornou dependente dos remédios, que usava em quantidades cada vez maiores, tanto como estimulantes quanto calmantes. Ao tornar-se também usuária de tabaco e álcool, o efeito das drogas foi potencializado.
             A morte nos EUA

Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos, erroneamente diagnosticados como estafa pelos médicos americanos. Em 3 de Dezembro de 1954 Carmen retorna ao Brasil após uma ausência de 14 anos. Sofre os efeitos da dependência química e é internada numa suíte do hotel Copacabana Palace, onde passa quatro meses.
O seu médico constata a dependência química e tenta desintoxicá-la. Carmen melhora, embora não tenha abandonado completamente os remédios, o álcool e o cigarro. Exames não constatam alterações da sua frequência cardíaca.
Ligeiramente recuperada, Carmen retorna dos EUA em 4 de abril de 1955. Imediatamente retorna à roda-viva de apresentações. Faz uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e volta a fazer uso dos barbitúricos.
No início de agosto, Carmen grava uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofre um ligeiro desmaio, desequilibra-se e cai, amparada por Durante. Recupera-se e termina o número. Na mesma noite, Carmen recebe amigos na sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen sobe para o seu quarto. Acende um cigarro e começa-se a  preparar para dormir. Veste um robe, retira a maquilhagem e caminha em direcção à cama com um pequeno espelho na mão. Um colapso cardíaco fulminante derrubou Carmen, que caiu morta sobre o chão.O seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite. Era o dia 5 de agosto. Tinha 46 anos.

 

Em 12 de agosto de 1955 o seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. 60 mil pessoas compareceram ao seu velório. O cortejo fúnebre até ao Cemitério São João Baptista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, 'Taí".
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro (capital do Brasil na época) Francisco Negrão de Lima assinou um  decreto que criava o Museu Carmen Miranda, inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.

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