Quinta-feira, 24 de Abril de 2008

Pagina 10

CARMEN MIRANDA

 

Maria do Carmo Miranda da Cunha, nasceu na Freguesia de Várzea da Ovelha, pertencente ao Conselho de Marco de Canavezes, antiga São Martinho da Aliviada, no Distrito do Porto, em Portugal.
O nome "Carmen" trata-se de abreviação de Maria del Carmen, que é o mesmo que Maria do Carmo. Não foi Carmen um nome artístico, mas, primeiramente, familiar.
Em 1910 Carmen viajou com a mãe e a irmã Olinda para o Brasil. O pai já se tinha antecipado, estabelecendo-se com um salão de barbeiro — mais tarde denominado "Salão Sacadura" no Rio de Janeiro.

O início da carreira artística
Carmen, aos 14 anos, deixa a escola e emprega-se numa loja de gravatas como balconista. A pensão, dirigida por Dona Maria, com o auxílio dos filhos, servia refeições aos rapazes do comércio. Olinda morreu em 1931, com 23 anos. Tinha linda voz. Chegou a cantar música popular no Teatro Lírico, de certa feita. A vocação artística — todos cantaram e bem — provém do lado materno. Olinda morreu em Portugal acompanhando, por cartas e discos, a carreira já vitoriosa de Carmen.
O grande sucesso viria a partir de 1930, quando grava a marcha "Pra Você Gostar de Mim" ("Taí"), de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, Carmen já é apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira".
Em 1933 ajuda a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, Carmen assina um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga, para ganhar dois contos de réis por mês. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachet por participação. Carmen ganha o apelido de "Cantora do It". Em 30 de outubro realiza a sua primeira turné internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Carmen voltaria à Argentina no ano seguinte, para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano

Carreira cinematográfica no Brasil
Em 20 de janeiro de 1936 estreou o filme Alô, Alô Carnaval, em que Carmen e Aurora actuam juntas na famosa sequência em que cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, Carmen e Aurora passam a integrar o elenco do Casino da Urca. A partir de então as duas irmãs  dividem-se  entre o palco do casino e excursões frequentes aos diversos estados brasileiros e à Argentina.
Foi durante uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power que se aventou a possibilidade de uma carreira de Carmen nos Estados Unidos. Era o ano de 1938 e Carmen recebia um salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca. Carmen não se interessou pelos EUA e permaneceu no Brasil.
Em 1939, o empresário americano Lee Shubert, em companhia da actriz Sonja Henie chegam ao Rio a bordo do navio Normandie. Vista por Shubert na Urca, Carmen assina contrato depois de se apresentar no navio. Shubert estava interessado apenas em Carmen, mas a cantora fez questão de levar o Bando da Lua para a acompanhar. Depois de muita relutância, Shubert, já de volta aos EUA, aceita a vinda do Bando. Carmen partiu no vapor Uruguai, em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

A carreira nos Estados Unidos e o começo da consagração

Em 29 de maio de 1939 Carmen estreou na revista "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso. A imprensa americana rende-se ao talento da cantora brasileira, que ao desembarcar em Nova York declarou: "Vocês verão principalmente que sou cantora e tenho ritmo". As participações teatrais de Carmen aumentam a medida em que cresce o seu reconhecimento. Em 5 de março Carmen apresenta-se durante um banquete ao presidente Franklin D. Roosevelt na Casa Branca, em Washington.
Em 10 de julho retorna ao Brasil, onde é acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em apresentação para a cúpula do Estado Novo no Casino da Urca Carmen é apupada pelo grupo germanista do governo brasileiro, que via em Carmen uma influência "americanizada". Dois meses depois, no mesmo palco mas desta vez para uma platéia comum, Carmen é aplaudida e apoiada. No mesmo mês gravou os seus últimos discos no Brasil, onde responde com humor às acusações de ter esquecido o Brasil.
Em 3 de outubro, Carmen de volta aos EUA grava a marca dos seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Chinese Theatre de Los Angeles.
Entre 1942 e 1953 Carmen actuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, casinos e teatros norte-americanos. Na esteira da Política de Boa Vizinhança implementada pelos EUA em face do conflito europeu, o espaço para artistas "latinos" cresce. Carmen, apesar de ter chegado à América antes da Segunda Guerra e da criação da Política é identificada com o projeto.

Vida amorosa e casamento

Em 1946, ao fim da Segunda Guerra, Carmen é a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais paga imposto nos EUA. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen mantivera romances com várias estrelas de Hollywood e também com o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
Antes de partir para a América, Carmen namorara o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve casos com os actores John Wayne e Dana Andrews.
O casamento com David Sebastian é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como a principal razão do começo da sua decadência física. Dave, um fracassado empregado de uma produtora de cinema, investiu-se na posição de "empresário" de Carmen, e foi responsável por uma série de negócios mal conduzidos. Dave também era alcoólico e teria apresentado Carmen ao álcool, do qual ela também logo se tornaria dependente. O casamento entraria em crise já nos primeiros meses, mas Carmen, católica devota, não aceitava o divórcio. Em 1948 Carmen engravida de David, mas sofre um aborto espontâneo depois de uma apresentação.


Dependência de barbitúricos

Desde o início de sua carreira americana Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de sua agenda atribulada. Na época, tais drogas ainda eram pouco conhecidas e receitadas irresponsavelmente por médicos. Carmen adquiria as drogas com receitas obtidas legalmente e não percebia os seus efeitos deletérios. Rapidamente se tornou dependente dos remédios, que usava em quantidades cada vez maiores, tanto como estimulantes quanto calmantes. Ao tornar-se também usuária de tabaco e álcool, o efeito das drogas foi potencializado.
             A morte nos EUA

Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos, erroneamente diagnosticados como estafa pelos médicos americanos. Em 3 de Dezembro de 1954 Carmen retorna ao Brasil após uma ausência de 14 anos. Sofre os efeitos da dependência química e é internada numa suíte do hotel Copacabana Palace, onde passa quatro meses.
O seu médico constata a dependência química e tenta desintoxicá-la. Carmen melhora, embora não tenha abandonado completamente os remédios, o álcool e o cigarro. Exames não constatam alterações da sua frequência cardíaca.
Ligeiramente recuperada, Carmen retorna dos EUA em 4 de abril de 1955. Imediatamente retorna à roda-viva de apresentações. Faz uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e volta a fazer uso dos barbitúricos.
No início de agosto, Carmen grava uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofre um ligeiro desmaio, desequilibra-se e cai, amparada por Durante. Recupera-se e termina o número. Na mesma noite, Carmen recebe amigos na sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen sobe para o seu quarto. Acende um cigarro e começa-se a  preparar para dormir. Veste um robe, retira a maquilhagem e caminha em direcção à cama com um pequeno espelho na mão. Um colapso cardíaco fulminante derrubou Carmen, que caiu morta sobre o chão.O seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite. Era o dia 5 de agosto. Tinha 46 anos.

 

Em 12 de agosto de 1955 o seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. 60 mil pessoas compareceram ao seu velório. O cortejo fúnebre até ao Cemitério São João Baptista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, 'Taí".
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro (capital do Brasil na época) Francisco Negrão de Lima assinou um  decreto que criava o Museu Carmen Miranda, inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.

publicado por promover e dignificar às 12:51

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De Hugo Jorge a 24 de Abril de 2008 às 13:17
obrigado pela história. aproveito para convidar a fazer uma visita ao meu blog
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